segunda-feira, 25 de junho de 2007


A partir dos anos vinte, o arranha-céu passa a incorporar na fachada elementos e materiais que remetem diretamente à modernidade, à velocidade, à novidade, à máquina, enfim: é o estilo art-déco, que vai predominar até o final dos anos 40. Desta época são os edifícios nova-iorquinos mais famosos e emblemáticos, como o Chrysler Building, de 1930, o Empire State Building, de 1931, e o Rockefeller Center, de 1940.
Surge aí o divisor de águas na arquitetura de Nova Iorque, pois as novas tendências são definidas pelos movimentos de vanguarda, o cubismo e o futurismo. As formas se tornam mais arrojadas, geométricas, abstratas e estilizadas, substitui também os materiais por materiais mais modernos, como o plástico e o vidro.
De forma que a expansão industrial e a estética moderna finalmente encontram expressão na fachada dos arranha-céus, que tomam, finalmente, uma aparência que está em consonância com a realidade. “Plena de otimismo, o art-déco insiste sobre o lugar do homem no cosmos e sobre a conquista e o domínio da máquina, que deverá conduzir o porvir de uma nova era tecnológica”.
A presença do arranha-céu nos fornece pelo menos dois pontos de vista para análise da cidade, um deles é de quem passa e o observa sem se dar conta da relação do edifício com a cidade ou de si mesmo com o edifício, já que, a escala é muito desproporcional, assim avalia apenas o intenso movimento ao redor, e o outro ponto de vista é de quem permanece sobre ele e entende a cidade toda ou boa parte dela de forma ordenada e previsível, mas sem participar, como se ela fosse virtual assim como numa simulação.
Por outro lado, a visão panorâmica fornecida pelos andares do arranha-céu significa poder e dominação sobre tudo que está ao alcance da visão, ou seja, a cidade, por sua vez, as pessoas que consomem, onde consomem e o que consomem, assim domínio sobre o mercado consumidor.
A arquitetura se aproxima de uma relação mercantil, uma vez que a arquitetura se comporta como objetos de produção de cultura em massa para o coletivo distraído diferentemente da arte que exige atenção do indivíduo. A arte de massa, a produção cultural de massa se caracteriza por uma arte que se confunde com diversão, onde a atenção dá lugar à distração e à indiferença. O arranha-céu carrega em si a ambigüidade de negar e manter esta ‘relação distraída e tátil’, propondo uma relação, ao mesmo tempo, óptica, porque nega o corpo; mas também coletiva e distraída, porque prescinde de atenção. A própria proliferação do arranha-céu como mais uma mercadoria vai reforçar esta idéia de recepção distraída e indiferente.

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