segunda-feira, 25 de junho de 2007












Não raro, o próprio arranha-céu se faz observado, perfeito em imagens e postais em que se destacam dos outros edifícios, pois naquele momento ele é o foco da atenção do ilustrados ou fotógrafo, o que não acontece para a distração coletiva que observam massas, volumes de edifícios diferentes se contrapondo constituindo um só volume.
Os desenhos de Ferriss carregam um paradoxo gritante: para ilustrar uma idéia de futuro, ele recorre à técnica do claro-escuro, em carvão, e representa o arranha-céu sob a forma de pesados monólitos prismáticos. Ou seja, a temática é futurista, mas a estética é passadista; sua obra parece pertencer a um mundo que já se foi.
Seus desenhos não incorporam na aparência da forma de expressão elementos característicos da Era da Máquina como velocidade, brilho, limpeza; ao contrário, por exemplo, da visão futurista de Sant'Elia em Città Nuova. Nesta coleção de desenhos exibida em 1914 na mostra “Nuove Tendenze”, em Milão, elementos como a plasticidade e a leveza, presentes no discurso futurista, também se fazem ver na forma de representar.
Apesar disso, os dois artistas apresentam muitas semelhanças no tocante às visões da cidade, como por exemplo, o transporte em vários níveis, e, obviamente, a profusão de formas verticais. De acordo com Fabris (1987:128), o arquiteto italiano chega a se inspirar na paisagem dos arranha-céus nova-iorquinos, cujas imagens haviam sido divulgadas por revistas italianas, mas despreza totalmente a aparência neogótica, aplicando apenas formas geométricas essenciais, além de buscar um equilíbrio de volumes, evitando, assim, os perigos de uma massificação sufocante.
No início do século XX, as críticas ao arranha-céu, já são comuns em Nova York, e uma das imagens mais recorrentes é a que compara as ruas aos cânions, devido ao efeito claustrofóbico e sombrio causado pela justaposição dos arranha-céus elevando-se de um só golpe rente à calçada. As discussões e teorias sobre a construção dos arranha-céus tornam-se constantes, culminando com a lei de zoneamento de 1916.

Nenhum comentário: