segunda-feira, 25 de junho de 2007




















As inovações tecnológicas do século XX provocaram, na ilha de Manhattam, mudanças drásticas na relação entre as cidades e seus habitantes, pois, provocou o advento do automóvel e dos veículos mecanizados, obrigou os aglomerados urbanos a uma nova articulação, onde as vias de deslocamento ocuparam crescentes áreas antes destinadas ao convívio dos cidadãos. O aumento das vias de acesso á outras grandes cidades como: Bronx, Queens e Staten Island, foram fundidas com Manhattam, para formar o que foi chamado de Grande Nova Iorque, permitindo que a população crescesse de forma intensa.
Em pouco tempo, Nova Iorque já era a principal potência econômica do mundo, mas com a crise de 29 sofreu uma queda drástica. Para resolver os grandes problemas socioeconômicos, grandes estruturas, como pontes e prédios foram construídos. Houve também uma corrida, pela construção do prédio mais alto na cidade, que resultou na construção de grandes arranha-céus.
Em 1993, Rudolph Giuliani foi eleito prefeito da cidade, servindo até 2001. Sob seu comando, Nova Iorque se aproveitou de mudanças na economia mundial, que provaram ser especialmente favorável para a cidade, por causa de seu sistema de transporte altamente desenvolvido e sua infra-estrutura de telecomunicações, bem como sua grande população. Durante a década de 1990, Nova Iorque passou de uma metrópole em decadência para uma cidade global em plena revitalização.
Apesar dos arranha-céus serem diferentes entre si em suas composições individuais, tornam-se repetitivos e tediosos pela tipologia. As diversas faces do arranha-céu se confundem e não têm limites perfeitamente precisos: ora eles funcionam como locais de vista panorâmica e dispõe ao olhar uma relação com o tecido urbano, ora brincam de abstrair o corpo; mas nunca deixa de se apresentar e representar como um ícone da modernidade.
Tal ícone representa hegemonia e poder, por isso vale transferir o edifício para uma imagem em que cause o resgate de uma paisagem visitada ou oferecem seu acesso a possíveis futuros visitantes.
Dessa forma o cartão postal assume a identidade da própria modernidade no mundo onde os arranha-céus simbolizam as grandes mudanças da época, incorporadas na paisagem, por sua vez, a imagem do arranha-céu mostrou ser perfeitamente enquadrado no formato cartão-postal.

Assim, esse tipo de imagem ajudou a divulgar a evolução tecnológica e o apogeu dos arranha-céus americanos nos anos 20 e 30, quando destacava o estilo art-déco, além de popularizar o próprio arranha-céu.
Quando a técnica de construção em estrutura metálicas começava a ser aplicada na construção civil, nos anos 1890, o estilo mais comum de arranha-céu americano é o que vê o edifício como uma coluna gigante, com base, fuste e capitel. Mas da modernidade que os arranha-céus representam é quebrada, pois os edifícios ainda estavam presos ao estilo neoclássico, assim como o Fuller Building (significa ferro de engomar e tem a forma de um) de 1902, mais conhecido como ‘Flatiron’, muitas vezes retratado em postais e filmes.
O arranha-céu era, portanto, internamente, um desafio tecnológico estrutural invisível e, externamente, revestido por uma casca cujo visual remetia a uma forma antiquada. A arquitetura americana demorou ainda muito tempo para se livrar das amarras da Escola de Belas Artes francesa, a qual era preponderante nas universidades americanas. Seus seguidores, ao contrário dos arquitetos da vanguarda européia, não viam a América como um território livre para experimentações das novas possibilidades da modernidade mecânica, mas como uma amplificação espacial da grande tradição arquitetural européia, um espelho contemporâneo do tradicional classicismo.
Depois do estilo coluna tripartite, a partir de 1910, popularizou-se o arranha-céu em estilo neogótico, do qual o mais famoso é o Woolworth Building, de 1913. Apelidado de “a catedral do comércio”, foi o mais alto edifício do mundo até 1930. Apesar da historicidade aparente, este edifício apresenta uma idéia moderna na medida em que os ornamentos são superdimensionados e posicionados de modo a serem vistos de longe, do chão, pelo passante, o consumidor em potencial. “A referência gótica era uma maneira de se construir um edifício que tivesse a verticalidade pujante de um arranha-céu, ao mesmo tempo em que mantivesse uma conexão com as formas clássicas, e, por associação, aos ideais de nobreza cívica”. As inovações modernas ainda eram apresentadas numa embalagem bem pouco moderna.
A arte oferece-se como uma promessa de liberdade, um meio através do qual, supostamente, se tem acesso às novidades modernas; ao tornar-se mais uma mercadoria, porém, sua obsolescência é fulminante.

A partir dos anos vinte, o arranha-céu passa a incorporar na fachada elementos e materiais que remetem diretamente à modernidade, à velocidade, à novidade, à máquina, enfim: é o estilo art-déco, que vai predominar até o final dos anos 40. Desta época são os edifícios nova-iorquinos mais famosos e emblemáticos, como o Chrysler Building, de 1930, o Empire State Building, de 1931, e o Rockefeller Center, de 1940.
Surge aí o divisor de águas na arquitetura de Nova Iorque, pois as novas tendências são definidas pelos movimentos de vanguarda, o cubismo e o futurismo. As formas se tornam mais arrojadas, geométricas, abstratas e estilizadas, substitui também os materiais por materiais mais modernos, como o plástico e o vidro.
De forma que a expansão industrial e a estética moderna finalmente encontram expressão na fachada dos arranha-céus, que tomam, finalmente, uma aparência que está em consonância com a realidade. “Plena de otimismo, o art-déco insiste sobre o lugar do homem no cosmos e sobre a conquista e o domínio da máquina, que deverá conduzir o porvir de uma nova era tecnológica”.
A presença do arranha-céu nos fornece pelo menos dois pontos de vista para análise da cidade, um deles é de quem passa e o observa sem se dar conta da relação do edifício com a cidade ou de si mesmo com o edifício, já que, a escala é muito desproporcional, assim avalia apenas o intenso movimento ao redor, e o outro ponto de vista é de quem permanece sobre ele e entende a cidade toda ou boa parte dela de forma ordenada e previsível, mas sem participar, como se ela fosse virtual assim como numa simulação.
Por outro lado, a visão panorâmica fornecida pelos andares do arranha-céu significa poder e dominação sobre tudo que está ao alcance da visão, ou seja, a cidade, por sua vez, as pessoas que consomem, onde consomem e o que consomem, assim domínio sobre o mercado consumidor.
A arquitetura se aproxima de uma relação mercantil, uma vez que a arquitetura se comporta como objetos de produção de cultura em massa para o coletivo distraído diferentemente da arte que exige atenção do indivíduo. A arte de massa, a produção cultural de massa se caracteriza por uma arte que se confunde com diversão, onde a atenção dá lugar à distração e à indiferença. O arranha-céu carrega em si a ambigüidade de negar e manter esta ‘relação distraída e tátil’, propondo uma relação, ao mesmo tempo, óptica, porque nega o corpo; mas também coletiva e distraída, porque prescinde de atenção. A própria proliferação do arranha-céu como mais uma mercadoria vai reforçar esta idéia de recepção distraída e indiferente.











Não raro, o próprio arranha-céu se faz observado, perfeito em imagens e postais em que se destacam dos outros edifícios, pois naquele momento ele é o foco da atenção do ilustrados ou fotógrafo, o que não acontece para a distração coletiva que observam massas, volumes de edifícios diferentes se contrapondo constituindo um só volume.
Os desenhos de Ferriss carregam um paradoxo gritante: para ilustrar uma idéia de futuro, ele recorre à técnica do claro-escuro, em carvão, e representa o arranha-céu sob a forma de pesados monólitos prismáticos. Ou seja, a temática é futurista, mas a estética é passadista; sua obra parece pertencer a um mundo que já se foi.
Seus desenhos não incorporam na aparência da forma de expressão elementos característicos da Era da Máquina como velocidade, brilho, limpeza; ao contrário, por exemplo, da visão futurista de Sant'Elia em Città Nuova. Nesta coleção de desenhos exibida em 1914 na mostra “Nuove Tendenze”, em Milão, elementos como a plasticidade e a leveza, presentes no discurso futurista, também se fazem ver na forma de representar.
Apesar disso, os dois artistas apresentam muitas semelhanças no tocante às visões da cidade, como por exemplo, o transporte em vários níveis, e, obviamente, a profusão de formas verticais. De acordo com Fabris (1987:128), o arquiteto italiano chega a se inspirar na paisagem dos arranha-céus nova-iorquinos, cujas imagens haviam sido divulgadas por revistas italianas, mas despreza totalmente a aparência neogótica, aplicando apenas formas geométricas essenciais, além de buscar um equilíbrio de volumes, evitando, assim, os perigos de uma massificação sufocante.
No início do século XX, as críticas ao arranha-céu, já são comuns em Nova York, e uma das imagens mais recorrentes é a que compara as ruas aos cânions, devido ao efeito claustrofóbico e sombrio causado pela justaposição dos arranha-céus elevando-se de um só golpe rente à calçada. As discussões e teorias sobre a construção dos arranha-céus tornam-se constantes, culminando com a lei de zoneamento de 1916.

O arranha-céu, símbolo arquitetônico mais chamativo e escandaloso do século XX, nasceu como expressão do movimento modernista, marcado por sua total ojeriza ao ornamento, enfatizando que a arquitetura, antes de tudo, devia servir à função (funcionalismo). Para Mies van der Rohe, um dos seus expoentes europeus, "a forma é a função". O seu estilo - que nos anos de 1920 foi denominado de International Style - não se apegava a nada do que fora feito no passado (pois é anti-historicista), visto que a arquitetura clássica greco-romana era horizontalista (a extensão predominando sobre a altura) e sustentada por colunas com capitéis decorados.
A arquitetura das catedrais, por sua vez, particularmente durante o período barroco, exibia um excesso de decoração. O arranha-céu, materialização do individualismo, do pragmatismo e do empirismo do homem contemporâneo, procurou eliminar ou reduzir ao mínimo o acessório, recorrendo a formas e materiais muito próprios para pôr em pé um prédio que espelhasse a sua singularidade (exclusivismo). A extraordinária massa de vigas de ferro, vidros e demais elementos, postos eretos em direção aos céus, espelha a arrogância do sucesso de algum homem notável, muito bem sucedido nos negócios, ou da sua empresa (Rockefeller Center, Palmolive building, etc.), ao mesmo tempo em que livremente expõe-se à admiração pública para que a sociedade reconheça quão espetacular foi àquela ascensão.

Fontes bibliográficas

http://www.eco.ufrj.br/semiosfera/anteriores/semiosfera07/conteudo_org_apatricio.htm
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/arranha_ceu2.htm

Empire State Building
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Flatiron Building (sinifica ferro de engomar...tem a forma de um!)
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Chrysler Building
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Hotel Plaza
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Met Life - à direita da foto
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Manhattan Company...só o topo por trás dos outros edifícios
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Woolworth Building - também chamado de a catedral do trabalho
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Municipal Building
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Hotel Pierre, esquerda e Sherry-Netherland Hotel, direita
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Park Row Building
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